RELAÇÃO DO AEE COM AS PROPOSTAS DO AUTOR ITALO CALVINO
“O MODELO DOS MODELOS”
O texto
nos remete a reflexões que são bem próximas as realidades enfrentadas pelos
professores de AEE quando estes estão nas escolas orientando e procurando
diferentes estratégias para atender ao estudante envolvendo a equipe pedagógica
e comunidade escolar como um todo. Quando no texto está descrito as três regras
do senhor Palomar – “Primeiro, construir
um modelo na mente, o mais perfeito, lógico, geométrico possível; segundo,
verificar se tal modelo se adapta aos casos práticos observáveis na
experiência; terceiro, proceder às correções necessárias para que modelo e
realidade coincidam.”. Ora, o senhor
Palomar não está sendo utópico em suas regras, pois é muito comum os professores
e equipe pedagógica da escola pensarem primeiramente na deficiência ou
transtorno e não na pessoa, indivíduo, ser humano que está na sua frente. Esse
indivíduo que traz consigo uma bagagem histórico cultural, que tem suas
vivências, experiências, relações sociais, dificuldades, mas também habilidades
e competências. Mesmo depois de muito avanço na educação como um todo,
principalmente na educação especial, professores ainda tem em mente a imagem de
um aluno ideal, de uma turma heterogênea, por isso, a dificuldade em aceitar,
acolher e, principalmente, acreditar no potencial desse educando com
necessidades especiais. É o NOVO tomando conta desse professor, desafios a
serem enfrentados, informações transformando-se em conhecimentos que deverão
ser reconstruídos, ou seja, mudanças de paradigmas que são necessários
acontecer para que a sociedade, não só professores, passem a olhar esses
indivíduos de forma diferente e não de forma a subestimá-los.
O Atendimento Educacional Especializado, além de outras tantas funções,
tende a oportunizar à equipe pedagógica da escola um outro olhar sobre esse
sujeito, principalmente depois que o mesmo já é conhecido por esse professor do
AEE. É aonde, no texto, as regras do senhor Palomar vai se modificando: “Agora já desejava uma grande variedade de
modelos, se possível transformáveis uns nos outros segundo um procedimento
combinatório, para encontrar aquele que se adaptasse melhor a uma realidade que
por sua vez fosse feita de tantas realidades distintas, no tempo e no espaço.”.
Quando o professor do ensino comum
sente-se apoiado e tem subsídios de recursos e trabalho para com esse
estudante, começa a perceber que seu educando é capaz, pensa e age de forma
diferente, e também tem muito a contribuir com todos. Uma nova visão esse
professor começa a ter sobre seu aluno, com o apoio do professor de AEE,
possivelmente, no mínimo, dois “novos” indivíduos irão surgir, digamos assim –
esse professor fortalecido, apoiado, com novas expectativas e disponível em
aprender cada vez mais e o aluno que estará com ele no ensino comum, crédulo
também de sua capacidade, com autoestima mais elevada e feliz por poder
compartilhar momentos de interação e trocas com seus pares. Muito possivelmente
esse professor, aos poucos, não terá mais em sua mente a imagem de alunos ideais,
mas sim de alunos reais e partirá com cada um deles de onde é possível.